Meditação, dentro da proposta oriental, é um processo – o caminho – para se alcançar a iluminação, a sabedoria.
Autoconhecimento, conforme compreendemos na psicologia ocidental, é um processo – também, o caminho – para conhecer quem é o ser que habita o nosso corpo e que vive a nossa vida (que chamamos “Eu”).
Na prática da meditação vamos pouco a pouco acendendo pequenas luzes, que nos permite ver e compreender o ser humano que há em nós.
No processo de autoconhecimento vamos pouco a pouco tendo insigths sobre o indivíduo que somos. Em verdade, esta é apenas a primeira fase do processo (existe no mínimo mais uma).
Nos exercícios de meditação, vamos desenvolvendo a atenção ao que acontece em nosso interior, isto é, deslocamos a nossa atenção e focamos em nosso mundo interior, compreendendo-o como universal, ou seja, sendo próprio do ser humano, não apenas individual.
No exercício do autoconhecimento, aprendemos a nos voltar para dentro de nós – indivíduos – ao que sentimos e pensamos sobre nós mesmos, às nossas crenças sobre os “outros” e sobre as situações que vivemos; e, assim, compreendemos porquê reagimos como reagimos.
Na meditação, já de inicio, temos a proposta de nos perceber como ser humano, maior que um indivíduo (um ego); por isso, as doutrinas onde a prática da meditação é parte corrente pregam justamente o despego do ego.
No autoconhecimento buscamos descobrir em nosso interior qualidades que nos fazem um indivíduo único (num primeiro momento), fortalecendo nosso ego.
Entretanto, num segundo momento, o processo de autoconhecimento está, justamente, em compreendermos que o Ego é apenas a expressão do Self.
Pois, segundo Jung, o destino do ser humano é alcançar a Totalidade, ou seja, ser a expressão máxima das qualidades humanas que trazemos em nós, e assim, transcender o ego e colocá-lo a serviço do Self, pessoal e coletivo.
Colocar-se a serviço do Self pessoal é procurar desenvolver todas as qualidades que trazemos conosco, o máximo possível, para nos melhorar como pessoa e como ser humano.
Colocar-se a serviço do Self coletivo é dispor tudo o que desenvolvemos como individualidade a serviço da humanidade.
Sabendo que nada é, efetivamente, nosso, que tudo o que evoluímos como indivíduos só tem utilidade se oferecido para a humanidade, pois a nossa existência individual é finita e se não oferecermos generosamente a nossa evolução para outrem, esta morrerá conosco.
Então, podemos entender que autoconhecimento e meditação são práticas que vão na mesma direção e que são duas faces de uma mesma moeda.
Desta maneira, a meditação está à serviço do autoconhecimento, bem como, o autoconhecimento está à serviço da meditação.
imagem: freepik
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