quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Meditação e Equilíbrio





Por Mariah Bressani

O Budismo nos fala sobre o “caminho do meio”.
Aristóteles falou sobre o “meio termo”.
E a Mitologia Grega, com o deus Apolo, pregou o “nada em demasia”.
Podemos entender que, na verdade, cada um a seu modo, todos estão falando da mesma coisa: o equilíbrio.
É busca contínua do ser humano: o equilíbrio emocional e psíquico para viver a vida e as suas relações da forma mais harmoniosa possível.

Eis o nosso treino: somos arrastados de um lado para o outro – de uma situação para outra – e apenas reagimos, pois, num mesmo dia, ora, estamos alegres, ora, tristes, ora, acreditamos que “tudo vai dar certo”, ora, acreditamos que “nada dará certo”, ora, nos sentimos no céu, ora, no inferno.
Vivemos assim em detrimento de nós mesmos!
Vivemos assim, então, em constante sobressalto emocional, oscilando mais que um pêndulo, mais que uma gangorra.

Já sabemos (pois, sentimos na pele) que todo extremo – desde a apatia até a euforia, por exemplo – causa algum tipo de desconforto.
Por isso, sejam nas filosofias ou nas religiões, elas pregam a busca do equilíbrio como forma de alcançar o bem viver.
Para que possamos sentir o gosto do bem estar emocional e psíquico, precisamos encontrar dentro de nós o nosso equilíbrio. Como um pendulo, que vai de um lado para o outro até encontrar seu ponto de equilíbrio e ali pára de oscilar.

A meditação é uma ferramenta extremamente eficaz para se conseguir desenvolver esta habilidade – o equilíbrio.
Aprendemos a aquietar a nossa mente tagarela com paciência, disciplina e boa vontade conosco mesmos.

Com a prática da meditação encontramos o nosso “pendulo” interior e descobrimos o que nos tira – e porque saímos – do nosso eixo.
Encontramos, assim, dentro de nós, o nosso “caminho do meio”... o nosso “meio termo”... o nosso ponto de equilíbrio...


imagem: pixabay

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Meditação e Concentração





Por Mariah Bressani

O exercício da meditação ajuda-nos a desenvolver a concentração.
Vivemos num mundo, onde o foco é fora de nós mesmos e, assim, nos habituamos à dispersão, por isso, desenvolver a concentração não é algo tão fácil.
Fácil é dispersar nossas energias, nossa inteligência e nossos talentos por conta da pressão e demandas sociais sobre o que temos de fazer ou “ser”.
Neste contexto, cometemos equívocos, tanto sobre quem realmente somos como sobre o que devemos fazer: graças, principalmente, à necessidade em satisfazer às exigências exteriores.

O hábito de dispersar a nossa energia, começa na nossa educação, com nossos pais (que também - automaticamente - repetem o que aprenderam): desde que nascemos, em grande das vezes, nos projetam as suas necessidades e as suas frustrações, que tanto devemos realizar e sanar, respectivamente.
Ao nos tornar adultos, nos envolvemos com pessoas que também tem necessidades e frustrações, que esperam de nós que as realizemos e as sanemos. E, o que é pior, nós próprios também nos colocamos neste jogo: esperamos que o “outro” realize e sane nossas necessidades e frustrações!
E, assim sendo, já nos perdemos de nos mesmos. Já não sabemos, verdadeiramente, que somos e quais são as nossas reais necessidades.
Tudo se torna tão misturado... um verdadeiro caos!

Neste sentido, a meditação nos salva.
Através da meditação, desenvolvemos a nossa capacidade de autoconcentração, que nos permite ver, sentir e ouvir às nossas reais necessidades.
Como primeiro passo no desenvolvimento da concentração, precisamos desenvolver a paciência conosco mesmos, pois no inicio de nosso aprendizado em meditar conseguimos tudo, menos nos concentrar.

No inicio do aprendizado, quando paramos por um momento “para meditar”, lembramos do telefonema que precisávamos dar, da conta que não podemos nos esquecer de pagar; lembramos de algo que alguém nos disse... a roupa que colocamos fez uma dobra que está nos incomodando... coça o olho, o pé, a perna... enfim... a dificuldade para “desligar” e relaxar parece tornar-se impossível a meditação.

Por incrível que pareça, tudo isto é “normal”, afinal, a nossa capacidade de dispersão foi bem treinada e está bastante desenvolvida.
Portanto, para desenvolver a concentração, precisamos começar tendo paciência conosco, pois, em nosso mundo ocidental não fomos treinados para a introspecção nem para a meditação.
Somos uma civilização extremamente racional e extrovertida.

Porém, a nossa saúde emocional, psíquica e física está na nossa capacidade em nos sentir, em nos ver e em nos ouvir, às nossas reais necessidades.
E, quando desenvolvemos a nossa capacidade de introversão e concentração, descobrimos que é, sim, possível nos ver, nos sentir e nos ouvir, verdadeiramente, ao nosso Eu interior, àquele Ser que encontra-se no mais profundo de nosso ser.


imagem: pixabay
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