segunda-feira, 29 de março de 2010

Para entender melhor as Deusas e Deuses Gregos




Por Mariah Bressani

Atualmente, para “conhecer” os deuses gregos é necessário colocar de lado o conceito cristão de “deus perfeito, onipotente, onipresente e onisciente”.
Lembre-se que os deuses gregos “nasceram” na Grécia antiga pré cristã. E, para os gregos daquela época, a diferença básica entre os deuses e os seres humanos era que os deuses eram imortais, enquanto que os seres humanos não o eram. Portanto, despojem-se de seus conceitos cristãos para compreender os deuses gregos!

Na Grécia antiga, a atuação de cada deus e deusa se dava em função de seus atributos. Aqui você conhecerá os principais deuses da antiguidade grega:
Assim, Zeus “existia” para ser o “pai de todos” – dos deuses e dos seres humanos – e, deste modo, cumpria sua função.
Hera “existia” para personificar a capacidade e a necessidade – do ser humano – de compromisso e de tornar o casamento “sagrado” – aos olhos dos deuses e dos homens.
Afrodite “existia” para estimular os prazeres e perceber a beleza da Vida e de tudo à sua volta.
Ares “existia” para estimular a competição – como que para promover a “seleção natural” (descoberta bem posteriormente por Darwin) do mais forte entre os seres humanos, e, assim, ser possível preservar seu território e alimento.

Hermes “existia” para cumprir a função de mensageiro entre os deuses e entre os homens – uma necessidade sempre presente no ser humano.
Poseidon reinava sob os mares; ele “existia” para ser o guardião do mundo insondável e difuso das águas profundas.
Deméter era a deusa mãe terra – ela “existia” para personificar a própria terra receptiva à semente, que guardava em seu bojo, para que pudesse germinar e produzir mais alimentos para os seres humanos.

Plutão – o rico – reinava no submundo; ele “existia” para “guardar a morte” e as sementes que eram semeadas, para que renascesse uma nova vida.
Core – a jovem –, que com o casamento com Plutão transformou-se em Perséfone – a rainha do submundo. Ela simbolizava a semente, que no interior da terra fértil e úmida rompia a casca e morria enquanto semente e renascia como planta frutífera. Ela “existia” para lembrar a todos que em tudo existia a vida e a morte.

Portanto, não é possível entender os deuses e a mitologia grega “ao pé da letra”. Afinal, para os gregos as funções básicas de seus deuses (pré cristãos) – com seus respectivos atributos – eram voltados para a realização e a manutenção da Vida. E, assim, quem quiser compreender os deuses gregos da antiguidade, se torna necessário “olhar” cada deus e deusa sob um enfoque diferente da educação cristã.
Por exemplo, quando os gregos diziam que Zeus e Hera que, além de marido e esposa também eram irmãos, eles queriam dizer que os dois tinham as mesmas origem e realeza e deveriam ser reverenciados igualmente – cada qual com seus respectivos atributos, tão necessários aos seres humanos.
É claro que, por se tratar de uma cultura patriarcal, Zeus era mais valorizado e cultuado que Hera e a ira desta, por causa das “traições” de Zeus, era sempre colocada em descrédito e desqualificada.

Quando diziam que Core fora raptada por Plutão e tornado-se Perséfone e comparavam-na à uma semente, os gregos queriam dizer que havia momentos na vida de todo ser humano que era preciso romper a casca dura dos condicionamentos para que fosse possível crescer; que era preciso deixar alguma crença ou papel social ou situação “morrer” para que outra crença ou papel social ou situação renascesse em seu lugar.
Um exemplo: a pessoa só pode se tornar adulta quando a criança morre (e é no processo da adolescência que isto ocorre). A adolescência é um período predominantemente “plutônico”: é o deus Plutão “sequestrando” a criança – Core –, que ficará retida por um período (adolescência) até que aconteça a transformação e a pessoa torna-se adulta.

Com a contribuição de Jung, sobre seu entendimento do funcionamento psíquico do ser humano, foi possível compreender os simbolismos dos deuses gregos em função de seus atributos a partir do conceito de “arquétipo”, que significa “modelo típico”, como uma referência universal de um típico “modelo de ser” (mãe é mãe em qualquer lugar do mundo, tanto com os seres humanos como os animais!).
Arquétipos são modelos típicos utilizados – inconscientemente – pelos seres humanos nos diversos papéis sociais que atuam no decorrer de suas vidas. Cada modelo típico tem seus atributos intrínsecos (da mesma forma que os deuses da antiguidade também os tinham).

Assim, por exemplo, quando falamos ou pensamos na palavra mãe, além da experiência com nossa própria mãe, nos vem à mente a imagem de uma mulher acolhedora e nutridora – este é “modelo típico” representado pela deusa Deméter, a mãe terra. E, assim, é a partir desse “modelo típico”, que acreditamos que nossa mãe foi ou é adequada ou não em seu papel de “nossa mãe”.
Deste modo, uma mulher torna-se mãe, não apenas a partir do modelo de sua “mãe terrena”, mas também a partir de sua “mãe divina” internalizada e que “emana” do arquétipo materno.

Então, assim, é possível encontrar nos diversos “deuses”, com seus tributos, os modelos típicos de “como ser”, em nossos diversos papéis sociais que vivemos nas mais diversas situações sociais.


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imagem: Google


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quinta-feira, 25 de março de 2010

In the beginning there was Chaos...



I will make a short introduction to a story in Greek mythology. I should warn you that in order to understand it, as any other mythology, it is important not to take it "literally".
In the beginning there was Chaos ... from Chaos the Cosmos was made .... Cosmos was ordered in Gaia, Tartarus and Eros. Gaia, the Primordial Earth, produced Uranus, the starry sky, with whom he was married and lived in constant copula. Gaia generated life spontaneously; however, each born child Uranus thought was monstrous and, unsatisfied, returned it to the womb.
And so, Gaia, unhappy with the impossibility to see their children move over its surface, brought them together to ask them to help her end the tyranny of Uranus. The only son who was willing to help her was Cronus, the god of time, because he identified with her pain.
In a given night, Gaia gave to her son a scythe forged on her own innards, and when Uranus lay over her, Cronus castrated him. From Uranus’ phallus, which fell into the sea, a foaming was formed, the birthplace of Aphrodite.
Thus, Cronus dethroned his father and together with his sister Rhea, the Mother Goddess, took the throne. Reigned so tyrannical as his father, because he learned from an oracle that one of his sons would dethrone him also. Thus, each child born, he swallowed it.
There came a time when Rhea, like her mother, also felt frustrated for not seeing their children grow and develop on its surface. Thus, when Zeus, her last son was born, instead of giving it to his father, Rhea wrapped a stone in linen cloths and gave that for him to swallow. And Cronus did it, without even looking, because he believed it to be his newborn son. While Zeus was taken to a cave and there he was raised in secret by trusted nymphs of Rhea.
When arrived in adolescence, Zeus, led by Metis, the Prudence, gave a beverage for his father, Cronus, and as soon as he drank that, he threw up all the other children who had been swallowed before - Hestia, Demeter, Hera, Poseidon and Pluto. The brothers came together, overthrew Cronus and in agreement, divided the kingdom among the three.
Pluto took over the underworld, the inferior, and became the Lord of the Underworld. Poseidon ruled the seas and rivers. And Zeus married his sister Hera and together they reigned over the surface of Earth and Heaven.
Zeus became the father of gods and men, hence he had several sacred marriages, and thus many children.
With Hera, his wife and sister, generated Ares, the god of war. With his sister Demeter had Core, the young. With the nymph Maia had Hermes, the messenger god. And so on ...
They were called by the Greek "Olympic gods" because they lived as one big family on Mount Olympus, the highest mountain in Greece. And whenever they met for their "family meetings" one of their favorite subjects was the human being.

quarta-feira, 24 de março de 2010


Apolo e Musas - Vouet

E no princípio era o Caos...





Por Mariah Bressani


Vou contar um pequeno trecho da Mitologia Grega. Devo alertar que, para poder compreendê-la, como as histórias de quaisquer outras mitologias, é importante não tomá-la ao “pé da letra”...
E no princípio era o Caos... e do Caos fez-se o Cosmos.... O Cosmos gerou e ordenou-se em Gaia, Tártaro e Eros
Gaia, a Terra Primordial, gerou Urano, o céu estrelado, com quem casou-se e viviam em copula constante. Gaia gerava espontaneamente, porém, cada filho que nascia, Urano achava-o monstruoso e, insatisfeito, devolvia-o para o útero materno.


E, assim, Gaia, infeliz com a impossibilidade de ver seus filhos se espalharem por sua superfície, reuniu-os para pedir-lhes que a ajudassem a acabar com a tirania de Urano. O único filho que se dispôs a ajudá-la foi Cronos, o deus do tempo, pois se identificava com a dor sua mãe.
Numa determinada noite, Gaia entregou para seu filho uma foice forjada em suas próprias entranhas e no momento que Urano foi deitar-se sobre ela, Cronos castrou-o. Do falo de Urano, que caiu no mar, formou-se uma espumarada, de onde nasceu Afrodite.

Deste modo, Cronos destronou seu pai e, juntamente com sua irmã Reia, a Deusa Mãe Terra, assumiu o trono. Reinou de forma tão tirânica quanto seu pai, pois soube por um oráculo que um de seus filhos também o destronaria. Assim, cada filho que nascia, ele o engolia.
Chegou um momento que Reia, como sua mãe, também sentiu-se frustrada por não ver seus filhos crescerem e se desenvolverem sobre sua superfície. Deste modo, quando Zeus, seu último filho, nasceu, em vez de dá-lo ao pai, Reia embrulhou uma pedra em panos de linho e deu-lho para que a engolisse. E Cronos o fez, sem nem sequer olhar, pois acreditava ser seu filho recém nascido. Enquanto Zeus foi levado para uma gruta e lá foi criado às escondidas por ninfas de confiança de Reia.

Quando chegou na adolescência, Zeus, orientado por Metis, a Prudência, deu uma beberagem para seu pai, Cronos, e assim que ele bebeu vomitou todos os outros filhos que havia engolido anteriormente – Héstia, Deméter, Hera, Poseidon e Plutão. Os irmãos juntaram-se e destronaram seu pai, o Cronos, e, em comum acordo, dividiram o reino entre os três.
Plutão assumiu o submundo, o ínferos, e tornou-se o Senhor do Mundo dos Mortos. Poseidon reinou sobre os mares e rios. E Zeus casou-se com sua irmã Hera e juntos reinaram sobre a superfície da Terra e sobre os Céus.

Zeus tornou-se o pai dos deuses e dos homens, por isso teve diversos casamentos sagrados, tendo, assim, muitos filhos.
Com Hera, sua irmã e esposa, teve Ares, o deus da guerra. Com sua irmã Deméter teve Core, a jovem. Com a ninfa Maia teve Hermes, o deus mensageiro. E assim por diante...
Eles eram chamados pelos gregos de “deuses olímpicos”, pois viviam como uma grande família no Monte Olimpo, o monte mais alto da Grécia. E sempre que se encontravam para suas “reuniões familiares” um de seus assuntos prediletos era o ser humano.


imagem: pixabay

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