quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Simplificando a Vida




Por Mariah Bressani

Por natureza, o ser humano é um ser complexo, pois tem vários campos da sua vida e da sua personalidade que precisa desenvolver e, ainda, a sociedade cobra desempenhos excelentes em todos eles. Assim, essa complexidade típica é reforçada também pela necessidade de realização social e satisfação pessoal que, comumente, antagonizam-se. 
Deste modo, por ser multifacetado, o ser humano deseja realizar-se na vida pessoal como pai ou mãe, filho ou filha, marido ou esposa, amante, amigo ou amiga, e ainda tem o lado profissional... Deseja tudo isso em perfeita harmonia consigo mesmo!
Como é possível ter um relacionamento afetivo profundo e intenso e ao mesmo tempo alcançar plena realização material e/ou profissional?
O que as pessoas geralmente fazem é sacrificar, em maior ou menor grau, algumas facetas de suas necessidades, gerando então aquela sensação flutuante e/ou intensa de frustração, produzindo assim doenças psicossomáticas e/ou emocionais.

Generalizando, as pessoas correm de um lado para outro; relacionam-se com muitas outras pessoas; fazem várias coisas ao mesmo tempo; tem sonhos; lutam para realizar alguns deles, mas vivem num torpor de autômato, gerando a sensação de constante frustração.
As pessoas se relacionam com o mundo exterior sob o prisma daquilo que creditam valor. O grau de satisfação pessoal, consequente, é proporcional à percepção de tais valores se manifestando ou não em suas vidas.

Por isso, é compreensível que tudo que um indivíduo faz baseia-se em suas crenças e valores, sejam conscientes ou não. 
Quanto mais consciente, mais assertiva e feliz é a pessoa. Quanto menos consciente, mais equivocadas serão suas atitudes, gerando frustrações e decepções consigo mesmo e com a própria vida. 
E para se alcançar a tão almejada felicidade é importante ser mais autoconsciente e simplificar a vida o máximo possível.

Para simplificar a vida, o primeiro passo – e base para tudo – é o autoconhecimento.
A condição básica para simplificar a própria vida é saber quais são suas reais necessidades, e não aquelas ditadas pelas pessoas que com quem se relaciona ou pela sociedade.
Só a partir do autoconhecimento é possível saber o que realmente é importante para si e porquê; e só então a pessoa terá objetividade e foco. Desta forma, a você pode canalizar a sua energia sem sofrer nenhum tipo de stress, ansiedade ou angústia.
Stress, ansiedade e angústia são filhos do desconhecimento de si, de suas potencialidades individuais e da consequente dispersão de energia.
Quando você sabe quem você é e o que quer, naturalmente, há apoio das suas forças interiores, você tem autoconfiança e, consequentemente, há entrega por inteiro – “de corpo e alma" – àquilo que você se propõe fazendo naquele exato momento. Deste modo, a pessoa se comporta sem hesitação e sem dúvidas, e atento. O resultado é a excelência e a satisfação pessoal.

O segundo passo é: seja otimista. Acredite em você e que aquilo que você quer é importante e válido e, principalmente, possível. Otimismo gera bom humor, um largo sorriso nos lábios e fé na vida e no futuro.
Terceiro passo: dê tempo ao tempo. Toda fruta tem seu tempo para amadurecer. Toda semente tem tempo certo para germinar, brotar e desenvolver-se na planta a que está destinada a se tornar. 
É possível comparar o ser humano à uma semente e esta semente tem como destino tornar-se indivíduo. Por isto e para isto, todo ser humano traz potenciais ilimitados a serem desenvolvidos.
Portanto, para simplificar a vida é necessário tornar-se autocentrado através do autoconhecimento e do otimismo para que você possa tornar-se o indivíduo que está destinado a ser.


Esses ingredientes – autoconhecimento, otimismo e tempo – devem ser aplicados no dia-a-dia, com atenção focada no momento presente e, ao mesmo tempo, dirigida para o futuro.
Você pode estabelecer metas a curto, médio e longo prazo. Meta é algo abstrato no momento em que se estabelece, porque está apenas na sua cabeça, porém, pode ser uma realidade a ser alcançada e concretizada.
Para que se concretize uma meta é preciso trabalhá-la no dia-a-dia. Um exemplo óbvio é a meta de obter um diploma. Para consegui-lo é necessário ir às aulas regularmente, fazer os trabalhos e as provas, ou seja, dedicar-se por um certo período – dia após dia – de forma focada e objetiva.

Quando se tem claro que é aquilo que se quer, há grande empenho, e nada é empecilho para alcançá-lo. Não existe cansaço, falta de tempo ou qualquer outro impedimento.
Saber exatamente o que se quer faz parte do autoconhecimento e isto simplifica a vida, pois torna a pessoa mais objetiva e assertiva, sem que haja dispersão de energia.
Ter otimismo também faz parte do autoconhecimento, pois quando você pensa: “sei que posso” e “acredito em mim”, isto facilita muito a sua vida; porque isto também simplifica a sua vida, pois você se torna mais autoconfiante e positiva.
E dar tempo ao tempo - sem nunca perder o foco de suas metas - também simplifica a vida, pois são os seus sonhos e projetos de vida que impulsionam a pessoa para frente e para o futuro.

Simplificar a vida é, acima de tudo, viver no aqui e agora, atento ao momento presente e a si próprio e como se relaciona com a situação neste momento presente, porque o futuro o aguarda e será seu fruto. É libertar-se das preocupações dos problemas e trabalhar com o objetivo de resolvê-los a seu favor, focando na solução dos mesmos.
Simplificar a vida é gerar desenvolvimento da paz interior e do discernimento, através do autoconhecimento, para que você possa fazer as melhores escolhas no dia-a-dia em função da sua meta maior, que é tornar-se indivíduo pleno e realizado.



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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Esperança




Por Mariah Bressani

Conta a Mitologia Grega, que os deuses criaram uma mulher chamada Pandora. Ela era a mulher ideal, pois possuía dons doados pelos deuses do Olimpo (como por exemplo, a beleza e a argúcia) para, justamente, fazer o ser humano se perder. Era um castigo de Zeus, deus dos deuses. 
Pandora trouxe consigo uma caixa de presente para os seres humanos, que jamais deveria ser aberta; porém, era também de sua natureza a curiosidade, então, ela abriu a tal caixa deixando escapar todos os males da humanidade. Quando percebeu o que estava acontecendo fechou-a rapidamente, mantendo dentro dela apenas a Esperança.


Assim, desde então, o ser humano traz dentro de si a esperança e precisa dela para viver, bem como da criatividade.
A cada momento, precisamos encontrar soluções criativas para as mais diversas situações que vivemos; porém, só temos condições de usar o máximo de nossa criatividade quando temos acesso à esperança dentro de nós. Por isto, a esperança é ingrediente fundamental para o desenvolvimento da vida do ser humano.
Nós vivemos, lutamos criativamente pela sobrevivência e procuramos sempre nos aprimorar como ser humano e indivíduo que somos, porque temos a esperança em nosso interior, sempre presente.
Quanto maior o nível de esperança, mais enfrentamos e superamos, com disposição e boa vontade, os obstáculos que a Vida se nos apresenta.

A esperança nos permite olhar a Vida sob elevada perspectiva. Como se sob a égide da esperança, diante de qualquer situação, subíssemos no alto de uma montanha e alcançássemos uma visão ampla de um vasto horizonte, muito maior do que aquele que divisamos em nosso pequeno mundo egóico.
A esperança, então, amplia nossos horizontes; como também amplia o campo de atuação em nossa própria Vida, pois não aceitamos passivamente as restrições: queremos nos experimentar e nos explorar e aos nossos potenciais.

Então, assim, a esperança nos dá certa voracidade pela Vida. Ela nos faz romper barreiras, pois precisamos de mais espaço para viver. E preenchemos estes espaços conquistados com nossos potenciais.
E como a esperança não aceita rotina, mesmismo e nem monotonia, ela nos impulsiona para viver o mais completa e intensamente possível nossa própria vida. Ela nos proporciona ardor e entusiasmo pela Vida e, então, assim, nos propomos metas e as perseguimos alegremente. Para tanto, é vital que nos sintamos e nos coloquemos “presentes” em nossa própria vida.

A esperança sempre nos coloca numa determinada posição diante da Vida que nos permite olhar pelo melhor ângulo; e entendemos assim que nada é em vão, pois tudo tem uma razão superior de ser e de existir.
Da mesma forma que “sabemos” que como qualquer Vida não é em vão, a nossa também não o é. Com a esperança, “sabemos” que a nossa própria existência tem uma razão de ser – mesmo que ainda não saibamos qual seja.


Conseguimos perceber o bem e o belo da existência terrena. Conseguimos compreender o significado do porquê vivemos o que vivemos. E, então, apostamos na Vida, cheios de esperança! E relaxamos!
E, então, instigados e inspirados de esperança, vivendo e explorando a Vida, apostamos em nós mesmos e em tudo que acreditamos importante, mesmo com todos os tropeços e equívocos que possamos ter no decorrer de nossa vida. O hoje é, sempre e novamente, mais uma oportunidade para vivermos a Vida, para explorar nossos potenciais.
Saímos da pressão que estamos vivendo no momento, externa e/ou interna, e fluímos com a Vida, tendo como “onda” a esperança. E assim, a esperança nos ajuda no exercício de auto-superação.

Graças à esperança que compreendemos a transitoriedade da Vida. E nos encantamos com a Vida, justamente por sua transitoriedade. E não nos enroscamos no pequeno e no insignificante da Vida, pois “sabemos” que vai passar.
Tudo passa! Tudo faz parte da Vida! Assim, aceitamos e vivenciamos a transitoriedade da Vida como caminho natural para a evolução, transformação e transcendência, pois ela – a esperança – nos tira do entorpecimento e do automatismo, que naturalmente, talvez, nos colocássemos.

E, deste modo, a esperança precisa andar de mãos dadas com a paciência, pois a Vida aqui no planeta Terra – baseada na matéria – tem um ritmo diferente da do espírito. Quando plantamos uma semente temos que ter paciência – dar tempo ao tempo – para que ela brote, transforme-se em árvore e então floresça.
Assim, a esperança, de que aquela semente possa se transformar em árvore e nos dar seus frutos, nos faz plantá-la. E é a paciência que nos dá calma e perseverança para esperar (esperança!) o tempo necessário para que nossos projetos frutifiquem.

A esperança também precisa se aliar à disciplina.
Qualquer projeto é fruto da criatividade, da paciência e da esperança, porém, sem disciplina – aplicação sistemática em sua realização – ele não se desenvolve e não se realiza.
Deste modo, detentores da esperança, criatividade, paciência e disciplina, seguimos nossa jornada, realizando nossos sonhos, transformando-os em projetos.


Neste caminhar pela Vida, também sentimo-nos protegidos por Deus, pelo Cosmos, pelo Universo, pelo anjo da guarda ou qualquer energia maior que possamos crer, quando trazemos a esperança em nosso coração. Então, “sabemos” que podemos contar com a “providencia divina”, pois não nos encontramos sós e desamparados.
Ouvimos uma voz em nosso interior, que nos estimula positiva e construtivamente. Acalentamo-la em nossos pensamentos, sentimentos e emoções construtivas. Nosso corpo vibra numa frequência positiva e assim emanamos o Bem. Nossos pensamentos se retroalimentam com bons pensamentos. 
Nossa imaginação constrói imagens leves, com cores suaves e vibrantes, sempre nos mostrando as boas perspectivas das situações que vivemos.

Quando não conseguimos acessar a esperança em nosso interior o resultado é a desesperança, com todo o tipo de neurose e, em casos mais graves, as psicoses. E, assim, nos encolhemos e nos restringimos para a Vida. E, então, a Vida perde o sentido: sem razão para se viver ou fazer qualquer coisa. A desesperança gera desolação e esterilidade em nossa vida, propiciando-nos sentimentos persecutórios e desiludidos e carrega nossa imaginação com imagens escuras e pesadas.
E a esperança, ao contrário, nos faz vislumbrar a Vida numa ordem e com um sentido mais elevado. E o seu exercício se faz necessário para nos libertar de qualquer prisão auto imposta.

A esperança é fruto da consciência do “fazer parte” e do sentir-se em comunhão com o universo. Fazemos parte de uma grande corrente. Sim, somos o elo de uma corrente, que se chama Vida. Afinal, somos todos um! E ao nos permitir sentir assim, ela nos faz generosos e dadivosos – conosco e com o outro.
Aprendemos a nos ouvir e ao outro e também às nossas e às suas necessidades mais essenciais.
Aprendemos a olhar o melhor lado: o nosso e o do outro.

Também somos mais compassivos e benevolentes conosco mesmos – com nossas limitações, bem como, com os outros e suas limitações –, sem sermos condescendentes.
E, deste modo, colaboramos para que a resolução de toda e qualquer situação ocorra para o nosso bem e para o bem do outro também.

Com a esperança construímos a nossa realidade de forma a nos ajudar a crescer. Ela não nos permite ficar estagnados ou presos em qualquer situação na vida. A esperança facilita o desapego, pois sempre acreditamos que ali, a mais um passo, teremos mais... uma nova oportunidade... e então acreditamos na Vida.

A esperança nos dá sentido e propósito para a Vida e, assim, nos faz seguir adiante. Permitimos que tudo o que vivemos passe por nós e, então, continuamos a nossa caminhada pela Vida afora, seguindo a nossa jornada. E, principalmente, a esperança nos permite – a cada momento – vivenciar plenamente o Amor pela Vida.


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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Depressão Tem Cura




Por Mariah Bressani

Toda questão tem em si, embutida, a sua resposta.
Depressão é a vivência da dor profunda, da angústia, da sensação de “falta”, da pressão de uma culpa “não sei do quê”, da vontade de desistir de tudo, inclusive da vida... e, por aí continua mais uma série de sintomas que nos fazem compreender que a pessoa está com Depressão.

A Depressão funciona como se fosse um ser que entra em sua casa pela porta dos fundos, sem ser convidado – na verdade é um intruso – e que lhe causa bastante incômodo e grande transtorno. 
Este ser – a Depressão – vai se instalando aos poucos, gradativamente. Sem que seja percebida claramente, torna-se uma figura predominante e forte a ponto de “mandar” na rotina da casa, ou seja, determina a forma como a pessoa acometida por este mal vê, sente e pensa sobre a vida e, conseqüentemente, o seu comportamento.

Ela não permite que a pessoa perceba seu real valor e importância, levando-a, cada vez mais, a excluir-se da própria vida e das relações interpessoais. Sente-se um “peso morto”.
Quando começa a superar a doença, ao se dar conta de um recurso fundamental que tem dentro de si, para contribuir na qualidade de sua própria vida e na qualidade de vida dos outros ao seu redor; pouco a pouco, percebe que faz diferença e tem sua importância na vida das pessoas.

Este recurso é o Amor. Pois, o “estilo de vida” de quem vive a Depressão é marcado significativamente pela falta de Amor.
O Amor é o grande antídoto e o grande solvente deste mal da alma. Esta é a resposta embutida dentro da questão da Depressão.
Olhando pelo ângulo psicológico, a Depressão é “o” sintoma da falta de Amor. Todos os outros sentimentos e sensações são decorrentes desta sensação de absoluta falta de Amor na própria vida.

A falta de Amor torna a vida estéril, insípida e sem significado.
É necessário recuperar o sentido da própria existência! Todos temos uma importância do porque existir!
Todos nós ocupamos um lugar no mundo e na vida das outras pessoas, apenas por existir!

Para Jung, a consciência é “unilateral”, ou seja, ao desenvolver a consciência do Eu, este EU olha a si mesmo, a vida, o mundo e as outras pessoas por um único ângulo, compreendido como verdadeiro e certo. Por isto dentro da psicologia dizemos que “cada caso é um caso”. E é justamente por ser esta visão unilateral, que na verdade torna parcial e limitada a forma de se relacionar com a vida.

A teoria da Inteligência Emocional nos fala que quanto mais opções de escolha e capacidade de suportar frustrações uma pessoa tem, mais ela é feliz.
A pessoa com Depressão se vê sem opções e se sente absolutamente magoada pelas frustrações impingidas pela vida; por isto sente-se cronicamente infeliz.


Se você perceber a Depressão não apenas como aquele intruso que veio perturbar a paz da sua vida, mas sim como alguém que ao desequilibrar e tumultuar sua vida é, na verdade, o “agente” que veio possibilitar-lhe a transformação da forma limitada e parcial que você vivia até então a sua vida... Perceberá, assim, a dor à serviço do bem!
Como bem o sabemos, a vida é a possibilidade de nos desenvolver e nos melhorar enquanto seres humanos que somos; e para isto, existem dois caminhos: pela Dor e pelo Amor.
Sendo a Depressão a profunda sensação da falta de Amor significa que, então, a pessoa “escolheu” o caminho da Dor para o desenvolvimento de sua alma enquanto ser humano.

Eu acredito que nenhum sofrimento é gratuito, portanto, o sofrimento que a Depressão impõe ao indivíduo, para mim, é a forma de “mostrar” para si mesmo que tem algo de errado na sua vida, com as suas crenças e nas suas verdades estabelecidas.
Por isto, acredito que a Depressão não é simplesmente para ser “sofrida”, mas, sim, para que seja usada como a “oportunidade” para rever as suas crenças e as suas verdades.
E, justamente, por acreditar que “escolhemos” (na maior parte do tempo, inconscientemente) os caminhos da nossa vida para o crescimento e o desenvolvimento da nossa consciência enquanto seres humanos, que acredito que podemos virar “à direita ou à esquerda” nos caminhos da vida, a qualquer momento que queiramos.

Portanto, o primeiro passo para sair da Depressão ou de qualquer situação insatisfatória que se vive é QUERER
Querer de todo o coração, querer com todo o seu ser, querer com todo o Amor que está lá bem no fundo do seu ser. 
É apostar que é possível, mesmo que você se sinta neste momento dentro de um túnel escuro, numa curva onde ainda não esteja vendo a saída e nem tenha a certeza que está indo na direção correta; não faz mal, o que importa é alimentar o seu coração e o seu querer com a fé e a certeza de que existe a saída que você está procurando. 
Porque a Depressão tem cura.



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